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Estratégias para controlar plantas daninhas na plantação

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Estratégias para controlar plantas daninhas na plantação

Para auxiliar o produtor no manejo de plantas daninhas e na utilização correta de herbicidas, o Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA), entrevistou o engenheiro agrônomo e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Milho e Sorgo, Alexandre Ferreira da Silva.

Segundo o pesquisador, primeiramente é muito importante que o produtor tenha em mente que o controle químico é apenas mais um método de controle e não o único método de controle. A primeira estratégia de manejo é o preventivo.

“Como no velho ditado, é melhor prevenir do que remediar. Isso é muito claro dentro do cenário de manejo de plantas daninhas, a prevenção é muito mais barato do que o processo de ‘remediação’, vamos assim dizer”, explicou.

Dentro do Manejo preventivo existem medidas como limpeza das beiradas de cercas para evitar a dispersão de sementes para dentro do talhão, a limpeza de máquinas e implementos agrícolas quando você realiza o processo de terceirização e a compra de sementes certificadas.

“É muito importante principalmente em plantas de cobertura, quando as sementes não são certificadas ocorre muito acontaminação com sementes de plantas daninhas. Ao adquirir animais deixar esses animais em quarentena para depois introduzir na sua área. São algumas alternativas para evitar a entrada de plantas daninhas de difícil controle em sua propriedade”, disse.

Outra alternativa muito importante é o Controle cultural que são práticas de manejos que favorecem o crescimento da cultura em detrimento das plantas daninhas. Integra o controle cultural a questão do zoneamento climático, ou seja, plantar dentro da janela de plantio recomendada, escolher uma cultivar adaptada para a sua região, e se possível com rápido recobrimento do solo, além de adequada adubação para que essa cultura possa se desenvolver plenamente.

“Também é muito importante a utilização de plantas de cobertura e a questão de consórcios, milho consorciado com braquiára, por exemplo, é extremamente interessante para o manejo de algumas plantas daninhas de difícil controle como no caso da buva, a palhada produzida por essa braquiára pode servir como barreira à germinação dessa plantas daninhas de difícil controle, além de promover melhorias às qualidades físicas, químicas e biológicas do solo. Então você tem essa questão de plantio na época recomendada, cultivares adaptados a região, utilização de plantas de cobertura, promover a rotação de culturas para diversificar o ambiente”.

“O controle mecânico, pode ser utilizado principalmente quando você observa falhas de controle pontuaisde algumas plantas daninhas específicas, por exemplo, touceiras de capim-amargoso, se não forem muitas touceiras, o produtor pode promover o arranquio dessas plantas e retirar elas da área para evitar que rebrotem. O enterrio ou a queima dessas plantas deve ser realizado fora da área da lavoura. Esta medida simples, se realizada antes da produção de sementes pode contribuir para é evitar o aumento de plantas indesejáveis em sua lavoura. E, por fim, a existe o Controle químico. Então observe químico é apenas mais um método de controle, ele não é a sua única alternativa”, explicou.

Limpeza de implementos pode evitar proliferação

Técnicas simples como limpeza de implementos e máquinas como colheitadeiras, plantadeiras, evitam levar ervas daninhas de um lado para o outro.

“Esse é um ponto central hoje quando você pensa em manejo de plantas daninhas resistentes a herbicidas. O principal mecanismo de dispersão de plantas daninhas resistentes a herbicidas é através do uso de implementos agrícolas, principalmente colheitadeiras, e acontece principalmente quando tem a terceirização de colheita. Então muitas vezes você realiza essa terceirização, e quando o maquinário chega à sua propriedade é muito importante que você promova a adequada limpeza dessas máquinas e implementos para evitar a introdução de plantas daninhas de difícil controle. Hoje a gente tem o seguinte cenário, é muito comum a terceirização da colheita, então a máquina realiza a colheita no Rio Grande do Sul e de lá ela vai para o Maranhão, por exemplo, e a gente percebe o aparecimento de biótipo resistente recentemente encontrado no Sul. Este fato, provavelmente está relacionado à questão do trânsito dessas colheitadeiras. Isto pode ser observado em nível de estado, município e na própria propriedade de um talhão para o outro. Por exemplo, se você tem vários talhões e um está mais infestado você pode deixar para realizar a colheita desse por último, sempre realizar a colheita dos talhões mais limpos primeiros”, afirmou o pesquisador da Embrapa.

De acordo com Silva, algumas plantas daninhas podem apresentar uma característica  evolutiva que favorece a sua dispersão que é a sincronia do seu ciclo com a cultura , muito comum com o caruru na soja. Desta forma, ao produtor realizar a colheita da cultura de áreas infestadas ele pode estar dispersando a infestante para outros talhões de sua propriedade ou para propriedades vizinhas se a colheitadeira for de terceiros.

Uso do herbicida conforme a indicação da bula

Segundo o pesquisador da Embrapa, existem muitos questionamentos com relação às doses e também ao uso de adjuvantes agrícolas, que são adicionados durante a preparação de caldas com defensivos, a fim de otimizar o seu funcionamento.

“O que eu sempre falo para o produtor é respeitar a indicação da bula do produto, se fala que a dose varia de X a Y trabalhe com a dose dentro do intervalo recomendado. Posso usar adjuvante? Vamos ver na bula. Existem produtos que é essencial para exercer a sua adequada eficácia já para outros,pode não ser necessário, pois já contém na formulação. Quantos dias esperar para semear? Vamos ver na bula. A empresa fabricante para disponibilizar esse produto no mercado é necessária que ela faça uma série de pesquisas, estudos realizados com o motivo de dar segurança ao produtor então é muito importante que ele crie o hábito de ler na bula.

Herbicidas na rotação de cultura

A rotação de culturas e a diversificação de herbicidas são duas estratégias que visam evitar a seleção de espécies de difícil controle.

“Quando a gente pensa em rotação de culturas geralmente a gente pensa em utilizar culturas de hábitos de crescimento e necessidades nutricionais contrastantes, por exemplo, a sucessão de soja e milho safrinha, você tem a soja que é uma leguminosa com milho, ou com planta de cobertura, vai depender da realidade local.O princípio da rotação de cultura é promover a diversificação de ambiente, com isso vai reduzir a pressão de seleção. Vamos pensar num produtor que só plante a monocultura de soja, ele acaba selecionando plantas daninhas adaptadas a este ambiente. Isto implica menor diversidade da flora infestante, selecionando aquelas mais adaptadas. Por consequência o seu controle pode se tornar mais difícil e oneroso”, explicou.

E, associado à rotação de culturas, há a rotação de herbicidas. É  muito importante promover a rotação de mecanismos de ação na estratégia de manejo de plantas daninhas da sua lavoura.Segundo o pesquisador da Embrapa é muito importante promover essas rotações para que não favoreça a seleção de indivíduos adaptados”.

“Hoje a estratégia de manejo predominante no controle de plantas daninhas é o manejo reativo, que pode ser compreendida  como utilizar uma ferramenta até que ela perca a sua efetividade, por exemplo, o uso contínuo de um herbicida para o controle de uma planta daninha até que ele não seja mais eficiente, e em seguida, utilizar outro herbicida indiscriminadamente até que ocorra o mesmo problema. Este fato, tem ocasionado sérios impactos no custo de produção das lavouras. O que a gente deve buscar é o manejo proativo, onde você evita a quebra das ferramentas, mantendo a sua eficácia e isto só possível se houver a diversificação dos métodos de controle”, explicou.

Palhada no controle de plantas daninhas

A palhada é uma ferramenta muito importante para auxiliar no manejo de plantas daninhas. Ela pode servir como uma barreira física impedindo e/ou dificultando a emergência, principalmente, daquelas plantas daninhas que possuem sementes  pequenas com poucas reservas, e não consegue vencer essa camada de palhada quando ela é muito densa. Pode promover o sombreamento do solo o que diminui e dificulta o surgimento de plantas daninhas que precisam de luz para a sua germinação. Outro efeito é a redução da oscilação de temperatura do solo.

“Muitas plantas daninhas precisam dessa oscilação para que ocorra a quebra da sua dormência, quando você tem a palhada,bem formada, ela prejudica a germinação dessas sementes. Essa palhada também pode exercer um efeito químico supressor, ou seja, existem algumas plantas de cobertura que produzem substâncias químicas no processo de crescimento e decomposição podem prejudicar a germinação de algumas plantas daninhas, além de favorecerem a presença de macro e micro organismos que podem utilizar as sementes de algumas plantas daninhas como fonte de alimento. Então a palhada é um componente muito importante para a supressão de plantas daninhas, além proporcionaram uma série de benefícios”, detalhou Silva.

Para finalizar o pesquisador aconselha asempre se buscar a integração de diferentes métodos de controle de acordo com a realidade de cada produtor.

“Não existe uma receita de bolo, tem que respeitar a realidade de cada cenário. A adoção do manejo integrado de plantas daninhas contribui a diminuição do uso de herbicidas e favorece a sustentabilidade do sistema de produção”, finalizou.

Por Agência Agrovenki

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