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Insetos pragas em lavouras de grãos: dá pra ficar livre desse problema?

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Insetos pragas em lavouras de grãos: dá pra ficar livre desse problema?

O manejo integrado de pragas é uma alternativa assertiva economicamente viável e ambientalmente correta

Para entender melhor sobre como controlar pragas nas lavouras, o Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA), entrevistou a engenheira agrônoma e pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Milho e Sorgo, Simone Martins Mendes.

Segundo ela controlar pragas em sistemas tropicais de cultivo de produção de grãos como é o caso do Brasil, não é uma tarefa fácil, pois além de não possuir um inverno rigoroso – período em que as pragas não se multiplicam (em condições de clima temperado)– o sistema de produção brasileiro é formado por no mínimo duas safras (safra e safrinha) e, quando possui irrigação, até uma terceira safra no ano. Esse uso de solo praticamente no ano todo é muito eficiente, porém pode ser ambiente propício para que os insetos praga tenham a chamada ponte verde no campo, o ano todo.

Técnicas de controle, como as utilizações apenas de inseticidas químicos podem não ser mais tão eficientes, devido a produção sequente nas mesmas áreas agrícolas, assim a necessidade de buscar estratégias de manejo como controle biológico, controle comportamental de insetos e outros é constante. Segundo a pesquisadora  Embrapa, mesmo que em pousio, ou com culturas para cobertura vegetal do solo, algumas pragas podem se alojar nessas plantas fazendo a “ponte verde”, por isso é necessário planejar quais culturas serão utilizadas na mesma área.

“Então às vezes o inseto é praga na cultura da soja passa para o milho, ou algodão, enfim quem consegue explorar muito bem esse sistema intensificado de cultivo é o inseto praga. Insetos como a lagarta do cartucho do milho, podem se alimentar, além do milho de mais de 300 espécies de plantas, algumas de importância econômica como o algodão, soja, arroz, trigo”. Assim, é necessário lançar mão das ferramentas eficazes para seu manejo, como uso de plantas transgênicas, bioinseticidas, parasitoides, e outros disponíveis no mercado.

Segundo a pesquisadora, que atua com foco no manejo integrado de pragas (MIP) em sistemas intensificados de produção e manejo de resistência de pragas, o que o produtor tem que levar em consideração é o monitoramento da população de insetos no campo, para que somente se entre com uma estratégia de controle caso atinja o nível de controle.

“Ou seja, vamos ter que ‘conviver’ com uma população dos insetos-praga que não cause prejuízos econômicos”, explica.

O número aceitável de lagartas na lavoura do milho, por exemplo é de até 20%, cada praga e lavoura tem um nível de controle, mas atualmente as pulverizações são, em sua maioria, realizadas seguindo um calendário sem haver um acompanhamento para comprovar que é realmente necessário.

Uso indiscriminado de inseticidas químicos

A pesquisadora alerta sobre o uso indiscriminado de inseticidas químicos que podem causar problemas ambientais se não usados corretamente, além da possibilidade de seleção de resistência. A prática é insustentável, tanto no aspecto econômico quanto no ambiental e o errôneo uso de agrotóxicos desequilibra o ambiente, consequentemente estimulando o aumento de pragas secundárias favorece a ressurgência das pragas e a seleção de pragas resistentes aos inseticidas utilizados.

“Populações de algumas pragas tem registro de resistência à moléculas inseticidas e mesmo proteínas do Bt das plantas transgênicas, como a Spodoptera frugiperda. Para evitar que isso aconteça, precisamos fazer o uso adequado das ferramentas de controle de pragas. Usar inseticidas químicos somente quando a praga atinge o nível de controle é uma dessas medidas, outra é rotacionar o princípio ativo e, sempre que possível usar ferramentas de controle mais sustentáveis como o controle biológico”, alerta.

Controle biológico de pragas

O objetivo básico do controle biológico é controlar as pragas agrícolas a partir do uso de seus inimigos naturais, que podem ser outros insetos benéficos, predadores, parasitóides, e microrganismos, como fungos, vírus e bactérias.

Segundo a Embrapa trata-se de um método de controle racional e sadio, que tem como objetivo final utilizar esses inimigos naturais que não deixam resíduos nos alimentos e são inofensivos ao meio ambiente e à saúde da população.

Como ferramentas de controle biológico existem disponíveis no mercadobioinseticidas, insetos parasitoides e predadores, que podem ser liberados na lavoura e auxiliarão no controle da praga.

“Nessas condições tropicais de cultivo não é possível ter uma lavoura limpa e sem pragas. E, ao utilizar uma estratégia sozinha o produtor terá muita dificuldade no campo, o manejo Integrado de Pragas é um conjunto de tecnologias que utilizado harmonicamente permite a condução da lavoura por meio de táticas sustentáveis de controle de pragas, que são aplicadas apenas quando necessárias e economicamente viáveis”, finaliza.

Núcleo Feminino do Agronegócio

O Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA) é a primeira associação de mulheres do agronegócio do Brasil. Criado no ano de 2010 foi o primeiro grupo de produtoras rurais a ter projeção nacional.

Com 35 associadas, o grupo tem a missão de inspirar mulheres do meio rural, de forma que realizem o seu melhor potencial, contribuindo com o agronegócio brasileiro. As produtoras do grupo estão localizadas em diversos estados do Brasil e produzem uma diversidade de culturas como soja, milho, cana de açúcar, café, reflorestamento, seringueiras, eucaliptos, além de pecuária leiteira e de corte.

Por Agência Agrovenki

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