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Como a biotecnologia dos transgênicos auxilia na produção de alimentos e na sustentabilidade agrícola

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Como a biotecnologia dos transgênicos auxiliam na produção de alimentos e na sustentabilidade agrícola

Todos já devem ter ouvido falar algum dia sobre os ‘transgênicos’, uma expressão que nada mais é do que “Organismo Geneticamente Modificado” (OGM), ou seja, um organismo ou planta que recebeu um gene de outro organismo , promovendo uma alteração no DNA, que resulta na introdução de uma nova característica. No caso especifico do agronegócio, ao receber um ou mais genes, a planta pode se tornar mais resistente a pragas ou mais nutritiva, por exemplo.

O que muitos não sabem é que uma das tecnologias que a transgenia contribuiu foi para a expansão do sistema de plantio direto no Brasil, além de aumentar a produtividade e tornar a agricultura mais sustentável do ponto de vista ambiental.

Laboratório de Biotecnologia Vegetal

Segundo a Liliane Marcia Mertz Henning, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no caso da primeira variedade transgênica que chegou ao Brasil, a soja com tolerância ao herbicida glifosato, facilitou o manejo de invasoras e foi uma das tecnologias que contribuiu para a expansão do sistema de plantio direto no país.

“Da mesma, as variedades transgênicas com resistência a insetos, que também facilitaram o controle de pragas e a adoção do manejo integrado de pragas, reduzindo custos com a aplicação de defensivos, contribuindo para preservação do meio ambiente, podendo também refletir em maior produtividade, pois se essas plantas sofrerem menos com ataque de pragas, vai ter reflexo em aumento de produtividade. Os benefícios da transgenia ficam evidentes na medida em que observamos a velocidade com que as variedades transgênicas foram implementadas pelo agricultor, sendo uma das tecnologias de maior adoção pelo produtor. Na soja, mais de 95% da área cultivada é com variedades transgênicas,  o milho a maior parte também, demonstrando que os benefícios para o produtor são reais”, complementou a pesquisadora.

Atransgenia pode ser utilizada para modificar diversas características, por exemplo, o arroz dourado que é rico em betacaroteno, e é o precursor da vitamina A, pode ser utilizado como forma de suprir a carência nutricional na população de determinados países da África, por exemplo.  

Nós estamos desenvolvendo um cultivar de soja com alto teor de ácido oleico, o que faria com que a soja produzisse um óleo de melhor qualidade, semelhantes às propriedades de um azeite de oliva, nós podemos utilizar a transgenia também para melhorar a qualidade nutricional dos alimentos”, contou.

Plantas transgênicas podem ser utilizadas para produzir substâncias com propriedades farmacológicas, uma pesquisa realizada em parceria entre a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF), o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês) e a Universidade de Londres conseguiu comprovar que sementes de soja geneticamente modificadas constituem a biofábrica mais eficiente e uma opção viável para a produção em larga escala da cianovirina – uma proteína extraída de algas – muito eficaz no combate à AIDS.

Edição gênica – Existe uma nova revolução nos laboratórios, que utiliza metodologia de biotecnologia para editar o genoma da própria espécie. Essa técnica de edição gênica permite deletar ou alterar pequenas partes do DNA da própria planta para alcançar características desejáveis. No Brasil, a soja geneticamente editada pela tecnologia CRISPR/Cas, por exemplo, vem sendo considerada convencional, não transgênica. “Essa técnica vem sendo usada pela Embrapa para ativar genes da soja envolvidos na melhoria da qualidade do óleo de soja. Nós estamos desenvolvendo um cultivar de soja com alto teor de ácido oleico, o que faria com que a soja produzisse um óleo de melhor qualidade, semelhantes às propriedades de um azeite de oliva, nós podemos utilizar a transgenia também para melhorar a qualidade nutricional dos alimentos”, contou.

Brasil é o maior produtor de soja do mundo

A soja foi a primeira variedade transgênica que chegou aqui no Brasil em 1998, mas só foi aprovada alguns anos depois em 2005, e, nos Estados Unidos, ela já vinha sendo cultivada desde 1995.

“Ela teve um papel de destaque na expansão do sistema de plantio direto e atualmente se você conseguir produzir uma soja com menor uso de defensivos que seja mais sustentável ambientalmente, isso impactará nas questões das exportações principalmente, tendo em vista que há uma demanda cada vez maior pela redução na emissão de gases de efeito estufa. Na medida em que a transgenia favorece a redução no uso de defensivos e também de combustíveis fósseis, tendo em vista que o produtor precisará entrar um menor número de vezes na lavoura para aplicação dos produtos, resultará numa produção mais sustentável que facilitará a aceitação por parte dos países importadores dessa commodity.”, explicou Liliane.

A soja é a commodity mais exportada do Brasil, no ranking de 2023 foi o produto número um em exportação e teve uma participação de 14% no total de exportações realizadas pelo Brasil. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na safra 2022/2023 a produção de soja no Brasil chegou à casa dos 154.566,3 milhões de toneladas numa área plantada de 44.062,6 milhões de hectares. Atualmente, o ranking mundial de maiores produtores de soja conta com o Brasil na primeira posição e os Estados Unidos em segundo lugar, com uma produção estimada em 121 milhões de toneladas para 2022/23.

E, as pesquisas no âmbito dos transgênicos atualmente vêm aumentando o número de características com as quais as empresas estão trabalhando, como aquelas voltadas também a qualidade do produto – como no caso do óleo de soja mais saudável.

“O que é importante a gente destacar é que as variedades transgênicas que estão sendo comercializadas são extremamente seguras, antes de serem colocadas no mercado são amplamente testados, a gente já consome elas há quase 30 anos no mundo todo e nenhum efeito adverso decorrente do consumo dessas plantas foi observado ao longo desses anos, então são alimentos extremamente seguros tanto do ponto de vista ambiental quanto do ponto de vista da saúde humana e animal”, destacou Liliane.

E, com o melhoramento genético de outras características associadas a estresse climático e maior tolerância, por exemplo, aumentam a produtividade e auxiliam na questão do aumento da demanda global por alimentos.

Por Agência Agrovenki

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